Por DefencePoint - Grécia
A dimensão da cooperação industrial e operacional em matéria de defesa entre a Grécia e o Brasil. O anúncio oficial da assinatura de um acordo de cooperação com o Brasil nas áreas de defesa, de serviços aéreos e de turismo é apenas mais uma prova de que existe e existirá sempre um grande espaço para a parceria industrial, especialmente na área de defesa. Esta é mais uma oportunidade para o desenvolvimento da indústria de defesa grega, uma das muitas que foram apresentadas até a data, combinada com uma atualização operacional das Forças Armadas. Estamos a examiná-la com tantos dados quantos os que temos disponíveis.
O mais importante sistema de armamento brasileiro que deveria ser de interesse para a Grécia, no contexto do planeamento para a modernização e atualização operacional da sua artilharia, é o Avibras ASTROS II. Trata-se de um sistema de mísseis e foguetes ao qual as Forças Armadas se tem referido brevemente mas repetidamente ao longo dos últimos dez anos, pelo menos. O sucesso das exportações de que se beneficiou, dada a concorrência internacional, é considerável, uma vez que foi adquirido pela Arábia Saudita, Qatar, Bahrain, Malásia e Indonésia, além do Brasil.
Astros II Mk 6
O Astros II Mk 6 (Astros 2020) é a versão mais moderna do sistema que foi oficialmente apresentada ao Exército Grego. É transportado a bordo de veículos Tatra (6X6 tipo T815-790R39, ou 4x4 tipo T815-7A0R59), enquanto que, como alternativa, também pode ser integrado em veículos Mercedes. Incorpora várias melhorias em relação às suas versões anteriores, tais como uma cabine blindada, comunicações digitais modernas, um sistema de navegação e um novo sistema de objetivos. A arma mais importante do Astros II Mk 6 é o míssil AV-TM 300, bem como os foguetes guiados de alta precisão AV-SS-G40 com um alcance máximo de 40 km. Além destes, os foguetes SS-60 com um alcance máximo de 70 quilómetros, os SS-80 (alcance máximo de 90 quilómetros) e os SS-150 (alcance máximo de 150 quilómetros), podem ser lançados.
O AV-TM 300, um míssil tático de cruzeiro (também referido como MTC-300), pode atingir alvos a uma distância de 300 quilómetros com elevada precisão (erro circular provável menor ou igual a 30 metros). É lançado através de um foguete de combustível sólido (booster) e o seu voo de cruzeiro subsônico é realizado por meio de uma turbina. Pode transportar duas ogivas com peso máximo de 200 kg. Uma alto explosiva e outra com 64 submunições. Além da versão de artilharia, a Avibras anunciou que pretende desenvolver uma versão naval do míssil.
As alternativas disponíveis para o Exército Grego, além da modernização do M270 MLRS são portanto numerosas e, conforme o caso, muito mais econômicas e com maiores benefícios industriais. O Astros II junta-se ao Lynx israelense e ao sérvio Tamnava. Os brasileiros, como parte dos seus esforços para comercializar o sistema, ofereceram a possibilidade de coprodução do mesmo e dos foguetes que transporta para o Egito e muitos outros países.
Existe, portanto, um campo de cooperação e não uma relação meramente de clientela, pelo que a assinatura de um acordo com o Brasil em defesa pode ser explorada pelo lado grego como uma importante moeda de troca para extrair mais permutas através da concorrência entre potenciais fornecedores. Isto foi feito pela Holanda (Países Baixos), que escolheram o altamente competitivo avião de transporte Embraer KC-390 Millennium, aparentemente "vendendo" comercialmente a sua boa vontade como Estado membro da Otan, pois através dele o sistema brasileiro ganha acesso ao mercado da Otan.
Mencionamos o sistema ASTROS como um exemplo ilustrativo, uma vez que existem certamente outros sistemas de interesse grego. Os aviões de transporte tático Embraer KC-390 Millennium também têm sido objeto de vários relatórios da Força Aérea Grega. O transporte médio de próxima geração, já adquirido pelas Forças Aéreas brasileira (19 unidades), portuguesa (cinco unidades), húngara (duas unidades) e holandesa (cinco unidades) e pelo qual vários outros países manifestaram oficialmente interesse, tem uma capacidade de carga de 26 toneladas, em comparação com as 21,7 toneladas do Lockheed Martin C-130J-30 alongado de quatro motores; uma velocidade máxima de cruzeiro 220 km por hora mais elevada; bem como um teto operacional e um raio de ação maiores.
Ao mesmo tempo, é ideal para o ambiente operacional grego devido à sua capacidade de operar a partir de pistas curtas (STOL - Short Take Off and Landing). Pode transportar 160.000 litros de combustível na função de avião reabastecedor; ou 80 soldados totalmente equipados na função de transporte de tropas; com um volume disponível no compartimento de carga de 169 metros cúbicos. Apenas 1,5 metros cúbicos a menos do que o do C-130J-30 alongado. Tudo isto é conseguido a um preço de compra mais baixo e a custos de manutenção e operação mais baixos.
De acordo com um estudo anterior - sublinhamos isto porque os preços foram revistos em alta - da Janes, o custo de aquisição de um Embraer KC-390 Millennium é de cerca de 50 milhões de dólares, o de um Airbus A400M de cerca de 140 milhões de dólares e cerca de 65 milhões de dólares para o Lockheed Martin C-130J-30. Mesmo que estes números não sejam exatos, uma vez que, como mencionado, foram ajustados, provavelmente fornecem uma boa ideia da ordem de magnitude das diferenças. Todas estas virtudes do transporte médio bimotor brasileiro devem ser seriamente consideradas pela liderança política e militar grega no contexto da exploração das perspectivas de substituição da frota de transporte C-130B/H da Força Aérea Grega.
Tradução e Adaptação: Defesa Brasil Notícias
FONTE: defencepoint.gr
Nota do Defesa Brasil Notícias: Conforme o site Aviacionline.com, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, ordenou a compra de seis C-130J Super Hercules usados da Itália, em detrimento ao KC-390, dada a baixíssima prontidão operacional da atual frota de C-130B/H da Força Aérea Grega.
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