(Foto: 5º RC Mec)
Por Paulo Roberto Bastos Jr.*
Foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) da última sexta-feira, dia 05 de novembro, a chamada para a concorrência nº 01/2021, referente à contratação de empresa especializada para a execução do serviço de modernização da viatura blindada de reconhecimento média sobre rodas (VBR-MSR) EE-9 Cascavel, a ser executada nas instalações do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), sobre responsabilidade da Diretoria de Fabricação (DF).
O contrato terá vigência pelo período de 72 meses e prazo de execução de 54 meses, cujo RFI (“Request for Information”) foi lançado em 26 de fevereiro, refere-se ao desenvolvimento do projeto, a construção de dois protótipos e de um lote piloto com sete viaturas, a um valor máximo, estipulado no edital, de R$ 86.668.942,66, sendo R$ 13.651.578,03 para cada protótipo e R$ 8.480.826,86 para cada viatura do lote piloto, e será definido por regime de execução de empreitada por preço global, ou seja, técnica e preço.
Esta seria a primeira etapa de um programa mais amplo, envolvendo a modernização, ao todo, de um número entre 98 e 201 viaturas, das atuais 409 em carga no Exército.
As especificações técnicas definitivas, cujos documentos são reservados e retirados apenas pelas empresas proponentes (e que esta revista não teve acesso), referem-se à modernização de todo o sistema de tiro, com a instalação de optrônicos modernos, sistemas de comando e controle (C2), computadores, torre estabilizada e com sistema de giro elétrico, troca do conjunto de força (motor + transmissão), e revitalização do canhão e de todo o sistema de suspensão, porém o seu grande diferencial está na ampliação da capacidade de combate da viatura, com a mudança do requisito de “possuir um sistema de míssil anticarro” (“anti-tank guided missile” – ATGM), de desejável para obrigatório.
O míssil em questão ainda não foi definido, porém seus requisitos iniciais eram:
a) Alcance superior a 4.000 m;
b) Ajuste em elevação, no mínimo, na faixa de -9º a 20º;
c) Unidade de tiro fixa na torre; e
d) Integração com o sistema de arma principal para o comandante e atirador.
Em meio ao programa, a Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW), lançou ontem, dia 10 de novembro, o pedido de cotação (“request for quotation”) RFQ-0199/2021, para a aquisição inicial de 100 mísseis anticarro portáteis e 10 lançadores, assim como componentes, simuladores e serviços de suporte logístico integrado. Mesmo não estando diretamente ligado ao programa de modernização do Cascavel, poderá indicar qual será seu futuro.
Nessa cotação estabelece um míssil de 3ª geração, com sistema de guiamento por comando automático de linha de visada (“automatic command of the line of sight” – ACLOS), alcance superior a 4.000 m e ogiva do tipo alto explosivo anticarro (“high explosive anti-tank” – HEAT), com capacidade de perfuração de 800 mm, em aço balístico homogêneo (“rolled homogeneous armour” – RHA).
As viaturas protótipo e do lote piloto deverão estar todas aptas a receber esses mísseis, ou com eles já instalados, caso seja definido o modelo, porém a proposta é que apenas 1/3 da frota modernizada receba esta capacidade.
Este programa deverá ter o máximo de comunalidade logística com a futura viatura blindada de combate de cavalaria (VBC Cav), cuja definição deverá ocorrer em breve, e diversas empresas já retiraram a documentação obrigatória na DF ou no AGSP, ou demonstraram interesse em participar deste programa, como a Equitron, Ares, Iveco Veículos de Defesa, KMW do Brasil, Technicae e Norinco.
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FONTE: Tecnologia & Defesa
*Sobre o Autor: Paulo Roberto Bastos Jr.
Engenheiro de automação e Pesquisador militar, especialista em blindados e forças motomecanizadas da América Latina e Caribe.
Nota do Defesa Brasil Notícias: Matéria reproduzida com autorização do autor.
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