Um importante e pouco conhecido (no Brasil) candidato para o projeto da viatura blindada de combate de Cavalaria (VBC Cav), do Exército Brasileiro (EB).
Descendente de uma das mais bem sucedidas linhagens de veículos blindados multifuncionais sobre rodas do ocidente, o suíço Piranha, a viatura LAV 700 foi desenvolvida em 2013, a partir de décadas da experiência em projetos e na fabricação da família LAV, especificamente para atender aos requisitos emergentes de uma década de operações no Afeganistão e no Iraque.
Está dotado de um motor Caterpillar C13, de 711 HP, combinado à transmissão Allison 2800, automática e de sete velocidades, uma suspensão hidropneumática totalmente independente e ajustável, permitindo que a altura do casco (em duplo-V) em relação ao solo seja controlada pelo condutor, freio a disco nas oito rodas e um sistema de resfriamento projetado para operação contínua nos climas mais extremos. Todo esse sistema é integrado em uma única unidade, permitindo sua substituição em menos de uma hora, mesmo no campo de batalha.
Pode chegar a uma velocidade de até 110 km/h (em estrada), acelerar de zero a 80 km/h em cerca de 20 segundos, superar obstáculos frontais de 60º e laterais de 30º, tem autonomia superior a 1.000 quilômetros, com uma carga útil (“payload”) de 11 toneladas, e uma grande variedade de versões, incluindo transporte de pessoal, comando e controle, porta-morteiro, reconhecimento e vigilância, ambulância, reparo e recuperação e apoio de fogo, podendo receber torres de 30, 90 e 105mm.
O protótipo do LAV 700, versão equipada com um canhão de 30mm, foi apresentado na feira Eurosatory de 2014 (Foto: Paulo Bastos)
O veículo despertou o interesse de diversos países e, em fevereiro de 2014, o governo da Arábia Saudita assinou um grande contrato para aquisição de LAV 700, incluindo suporte logístico integrado (SLI), reparo e treinamento de pessoal. Conforme divulgado pelos sauditas, este contrato contemplou a aquisição de 742 veículos, sendo 119 com canhão de 105mm, a serem entregues ao longo de uma década, o que garante sua linha de produção por um bom tempo e as primeiras unidades entraram em operação este ano.
A General Dynamics Land Systems e a John Cockerill Defense estão oferecendo ao projeto da nova VBC Cav, que está sendo executada pela Diretoria de Material (DMat), órgão subordinado ao Comando Logístico, a versão denominada LAV 700 Assault Gun (AG).
Está equipado com a torre John Cockerill 3105, para dois ocupantes e intrusiva (com cesta interna), não impactando no centro de gravidade do veículo e mantendo sua estabilidade, armada com um canhão de 105mm, uma metralhadora 7,62x51mm coaxial e lançadores de granada fumígenas, podendo receber um sistema de armamento remotamente controlado (SARC).
A torre Cockerill 3105 esta em diversos sistemas de armas da atualidade, inclusive em muitos dos candidatos do VBC Cav (Foto: John Cockerill)
Seu canhão de alma raiada CT-CV 105HP (High Pressure), de 53 calibres, está em uso em diversos sistemas de armas pelo mundo e já foi provado em combate. É uma arma versátil que permite o apoio de fogo às tropas de Infantaria em uma pluralidade de situações e uma comprovada capacidade anticarro. Seu ângulo de elevação de 42° permite engajamento contra alvos em altas elevações como aqueles situados em topos de edifícios, eficientes em teatros de operação urbanos montanhosos, além de poder fornecer apoio de fogo à Infantaria em tiros indiretos.
A opção do calibre 105mm, em comparação ao 120mm do Centauro II, se deu, dentre outros fatores, em função de sua maior versatilidade, com o uso de munições alto explosivo (HE), anticarro (APFSDS, HEAT ou HESH) e especiais (canister, iluminadora ou de fumaça), atualmente a um custo de cerca de 1/3 do valor da munição de 120mm, o que é um grande atrativo para as forças armadas com baixos orçamentos disponíveis, além de contar com uma maior oferta no mercado internacional .
Seu desempenho é na função anticarro, dependendo da munição utilizada, é considerada mais que satisfatória, com capacidade de penetração de 560 a 600mm em aço balístico homogêneo, em disparos feitos a 2 km, dependendo da munição utilizada. Como utiliza estojo não inflamável, como os fabricados atualmente no Brasil, a transferência de tecnologia para a produção da munição em território brasileiro, conforme a intenção do EB, pela IMBEL ou EMGEPRON, se tonar muito mais factível.
O veículo transporta 40 projeteis, sendo 12 prontos para uso no carregador automático, do tipo carrossel, que podem ser de diferentes tipos e selecionadas pelo comandante, e mais 28 acondicionadas internamente, possuindo uma capacidade de disparo de até 12 tiros por minuto. O veículo também conta com um compartimento na parte traseira que permite o transporte de mais munição ou outros suprimentos.
Com o sistema de montagem no Regime CKD, o LAV 700 AG, da General Dynamics Canadá, poderá se beneficiar com o FMS (imagem: internet)
É equipado com sistemas optrônicos de última geração, podendo receber designadores laser, navegação tática por GPS, computador de batalha e periscópios de 360º, de uso diurno e noturno, que permitem ao comandante uma completa consciência situacional e suíte de comunicações compatíveis com o padrão em uso pelo EB.
O LAV 700 AG é um veículo extremamente versátil e moderno, já homologado e em linha de produção ativa, carregando em seu DNA toda a experiência de uma das plataformas de maior sucesso, sendo um forte candidato ao programa VBC Cav, que pode ser adquirido diretamente, como os outros concorrentes ou por um programa Governo a Governo, como o “foreign military sales” (FMS) do Governo dos EUA, que lhe dá mais vantagens. Ao mesmo tempo, pelo fato de sua produção estar em aberto, é uma das poucas fornecedoras que possuem condições de entregar prontamente as duas viaturas para testes, conforme previsto no cronograma divulgado pela DMat.
Veja a matéria completa na próxima edição da revista Tecnologia & Defesa
FONTE: Tecnologia & Defesa
*Sobre o Autor: Paulo Roberto Bastos Jr.
Engenheiro de automação e Pesquisador militar, especialista em blindados e forças motomecanizadas da América Latina e Caribe.
Nota do Defesa Brasil Notícias: Matéria reproduzida com autorização do autor.
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