13 maio 2021

Argentina recebe oferta para o caça chinês JF-17 Thunder

Avião permite contornar os constantes embargos britânicos para compra de aeronaves pela força aérea argentina


JF-17 é um caça desenvolvido em parceria entre a China e o Paquistão

Por Edmundo Ubiratan

A Argentina recebeu uma oferta para adquirir os caças chineses JF-17 Thunder, após visita da delegação da Corporação Nacional de Importação e Exportação de Aero-Tecnologia da China (CATIC, na sigla em inglês).

A oferta prevê até doze caças supersônicos, produzidos em parceria entre a China e o Paquistão. O modelo é considerado um avião de baixo custo de aquisição e operação, mas com ampla capacidade de combate.

Desde a aposentadoria dos veteranos caças Mirage III, de origem francesa, em 2015, a Argentina busca um novo avião para defesa aérea. Contudo, as ofertas disponíveis esbarram nas restrições britânicas, que mantém veto a exportação de qualquer armamento avançado para as forças armadas argentinas.

Paquistão opera uma frota com mais de 130 unidades do JF-17

Recentemente o Reino Unido vetou a venda dos caças leves FA-50 Golden Eagle, da sul-coreana Korea Aerospace Industries, que utilizam componentes e sistemas produzidos por empresas britânicas. O mesmo entrave ocorreu na tentativa de negociar um lote de Mirage F-1, que estavam sendo retirados de serviço na Espanha. O negócio, que chegou a ser confirmado pelas autoridades, não foi consumado após veto de Londres, já que o Mirage F-1 utiliza alguns sistemas ingleses.

A Rússia também ofereceu aos argentinos o MiG-35, versão derivada do famoso MiG-29, que oferece grande capacidade de combate e custos de aquisição relativamente baixos. Pesa contra os russos a capacidade de financiamento e suporte pós-venda.

A China tem ampliado o interesse em exportar armas de alta tecnologia para países que sofrem sanções por parte de países da Europa ou Estados Unidos, assim como aqueles que não dispõem de linhas de crédito internacionais.

Com um amplo suporte estatal, incluindo disponibilidade de financiamento com juros baixos, a indústria chinesa planeja conquistar novos clientes ao redor do mundo.

JF-17 alia baixo custo com boa capacidade de combate

Um dos entraves para a Argentina é entrar em rota de colisão com os interesses de parceiros comerciais, como a União Europeia e Estados Unidos. É pouco provável que o país sofra algum tipo de retaliação, porém, pode sofrer com entraves em negociações futuras, especialmente relacionados ao acesso a tecnologias diversas, incluindo de comunicação.

Por outro lado, a delegação chinesa visitou também a FADEA, a indústria aeronáutica estatal da Argentina, que poderia ser responsável pela montagem final dos caças.

O JF-17 é um projeto desenvolvido em parceria entre o Paquistão e a China, desenvolvido no final dos anos 1990. O primeiro voo ocorreu em agosto de 2003, com o avião entrando em serviço pela força aérea paquistanesa em março de 2007.

Ainda que tenha suporte industrial chinês, a maior parte da estrutura, como parte dianteira da fuselagem, estabilizadores verticais, asas e outros componentes, são produzidos no Paquistão. Já os sistemas, como radar, aviônica, armamento, entre outros é de origem chinesa. Já o motor RD-93 é produzido pela russa Klimov, sendo utilizado também no MiG-29 e MiG-35, por exemplo.

O avião pode atingir até Mach 1.6, com raio de combate de aproximadamente 1.300 km. Ao todo são sete pontos duros que podem receber uma ampla variedade de armamentos, como mísseis ar-ar ou antinavio, ar-superfície, bombas diversas, entre outros.

Atualmente um total de 138 caças JF-17 estão em serviço ativo no Paquistão, e outros sete estão voando em Mianmar.

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